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segunda-feira, 22 de março de 2010

Veterinários se especializam cada vez mais...


"Tem muita gente por aí que está querendo levar uma vida de cão", diz uma canção de Eduardo Dusek. Brincadeiras à parte, a evolução da forma e atenção com a qual as pessoas têm tratado seus bichinhos de estimação acaba sendo invejável para muitos.

Há algum tempo atrás, os animais de estimação eram tratados exatamente como animais de estimação. Dormiam no quintal da casa, comiam restos de comida e raramente iam ao veterinário. Porém esse cenário mudou. É só perguntar para qualquer pessoa que possua um animalzinho e ela confirmará: "são como membros das famílias". "Hoje as pessoas curtem muito animais. Elas têm uma atenção diferenciada que não ocorria há 15 ou 20 anos atrás. Não se dava a mesma importância que se dá para os animais hoje em dia", confirma o veterinário, fisioterapeuta e professor do curso de pós-graduação em Fisioterapia Veterinária da Metodista (Universidade Metodista de São Paulo), Claudio Ronaldo Pedro.

Por isso mesmo, os cães, gatos, tartarugas, pássaros e tantos outros bichos são tratados com muito carinho por seus donos e, quando estão com algum problema de saúde, os cuidados são extremos.

Foi nesse compasso que a Medicina Veterinária se aperfeiçoou e evoluiu, fazendo surgir algumas especialidades que podem parecer até um tanto inusitadas. "Diante desse contexto, surgem possibilidades de investimento na área Veterinária. A gente tem crescimento da área de Odontologia Veterinária, Cardiologia, Dermatologia, enfim, todas as especialidades humanas vão aparecendo também na Medicina Veterinária", explica Cláudio.

É estranho pensar em fisioterapia para gatos, acupuntura para cachorros, dentista para cavalos ou homeopatia para tratamento de um cão depressivo. Mas, atualmente, isso é mais normal do que se imagina. Existem grandes hospitais veterinários e clínicas especializadas que abrigam esses profissionais. E as universidades já oferecem diversas dessas especialidades como curso de pós-graduação.

Tratamento com agulhas

A acupuntura é reconhecida como especialidade médica, tanto pelo Conselho Federal de Medicina como pelo de Medicina Veterinária. Em 1974, foi fundada a International Veterinary Acupuncture Society (IVAS). Esta instituição oferece cursos de especialização na área, bem como organiza Congressos Internacionais em diversos países do mundo. A versão brasileira, ABRAVET (Associação Brasileira de Acupuntura Veterinária), foi fundada em 1999.

"O médico veterinário deve ser especialista para realizar a acupuntura em animais. Existem vários cursos de especialização para formação do profissional e a ABRAVET é a instituição que regulariza a especialização em Acupuntura Veterinária. No Brasil, há algumas dezenas de veterinários acupunturistas e clínicas com serviço especializado na área", explica o coordenador do curso de especialização em Acupuntura Veterinária da Unesp e fundador da ABRAVET, Stélio Pacca Loureiro Luna.

Como no homem, a acupuntura pode ser utilizada para o tratamento de várias enfermidades em animais, substituindo o tratamento convencional ou ainda auxiliando o mesmo de acordo com a situação. Dentre as enfermidades que apresentam bons resultados estão as doenças neuromusculares, problemas de coluna, distúrbios respiratórios, digestivos, entre outros. "Ela é particularmente útil para dores agudas e crônicas e tratamento de paralisias. Emprega-se também com bastante sucesso para melhorar o condicionamento de eqüinos submetidos a diferentes provas de competição, tanto que é proibida em diversos campos de competição de eqüinos em vários países", conta Luna. Segundo o professor, a aplicação da acupuntura no tratamento de algumas doenças de cães tem apresentado melhor resultado do que o do tratamento feito com medicamentos alopáticos.

Mas, será que os cães e gatos reagem mal à introdução das agulhas na pele? O professor conta que não. "Normalmente os animais não apresentam reação de dor durante as sessões e inclusive é comum a ocorrência de sonolência e boa aceitação por parte deles, não havendo necessidade do uso de tranqüilizantes", observa Luna.

O professor ressalta também que a acupuntura oferece uma relação de custo-benefício mais vantajosa que a alopatia. "Os gastos com o tratamento praticamente se limitam às consultas, já que o custo das agulhas é irrisório (cerca de R$ 0,10 a unidade) se comparado ao dos medicamentos. No caso da hérnia de disco canina, por exemplo, são necessárias cerca de oito sessões de acupuntura. Se este problema fosse tratado pela alopatia, o gasto só com medicamentos seria maior, o efeito seria apenas paliativo e os animais sujeitos a efeitos colaterais", explica.

"Uma vez um tamanduá foi resgatado pelos bombeiros, que o trouxeram até a Unesp. Ele estava completamente paralítico e foi tratado pelos alunos da faculdade. Foram feitas algumas sessões de acupuntura. Esse é um caso bem diferente porque se trata de um animal silvestre. Depois que ele voltou a andar, foi realocado para um zoológico e apareceu inclusive, na televisão. Ficou famoso", conta Luna. "Já aconteceu, por exemplo, numa sessão uma coisa inusitada. Um animal entrou paralítico, sem conseguir andar e em uma só sessão saiu andando. Foi como se fosse um milagre. Não é comum, não é algo que acontece todos os dias", lembra o veterinário.

De modo geral, a acupuntura, desde que seja realizada de forma criteriosa e por profissionais competentes, é de grande valia como opção ao tratamento dos animais. "O conhecimento e bom senso do médico veterinário juntamente com a consciência do proprietário devem ser aliados para que se atinja uma boa qualidade de vida para os animais", finaliza Luna.

Exercícios até debaixo d´água

Como já foi dito, a Medicina Veterinária, num contexto geral, vem crescendo no sentido de oferecer melhores condições de tratamento para os animais de estimação. "Diante desse cenário, surge a fisioterapia veterinária. Porque, antigamente, a pessoa tinha um cachorro e ela se conformava com o cachorro ´mais ou menos bom´. Se quebrou a pata do cão, ele vai para uma cirurgia, o osso colou , pronto, a pessoa já estava feliz, e o cachorro ´mais ou menos bom´", conta o fisioterapeuta e veterinário Cláudio.

O professor acredita que esse tipo de acontecimento não tem mais espaço na veterinária, porque o cachorro está em um degrau abaixo de filho. Por esse motivo, a pessoa quer o cachorro plenamente bom. "Ela paga exatamente o que o ortopedista quer, um investimento grande. Então, não vai se conformar com um cachorro ´mais ou menos´. A fisioterapia faz o refino do tratamento do ortopedista", explica Cláudio.

São utilizados todos os benefícios pertinentes à fisioterapia humana que foram transpostos e adaptados para a fisioterapia veterinária com êxito. "Inclusive utilizamos os mesmos recursos disponibilizados na medicina humana: ultrassom, laser, ondas curtas, exercícios terapêuticos, hidroterapia, eletroterapia", enumera o professor.

Para o fisioterapeuta veterinário, o comportamento dos animais durante o tratamento depende muito da habilidade do médico. "Via de regra, eles são muito colaborativos, porque, da mesma forma que evoluiu o tratamento, parece engraçado, mas os cães também evoluíram. Hoje eles são muito mais sociais, é engraçado isso, mas eles são. Raramente um cão vai na clínica e é preciso colocar fucinheira ou coisa parecida", conta. Vale lembrar que a maioria dos animais tratada com fisioterapia é de cães e gatos.

Segundo o médico, os problemas mais comuns são patas quebradas ou doenças congênitas. Além disso, a fisioterapia acelera o processo de reabilitação pós-cirúrgica dos animais e também minimiza os efeitos da recuperação prolongada, que seriam artrose e atrofia muscular severa. "Temos um agravante, o cão não é muito colaborativo. Muitas vezes o cirurgião faz um excelente trabalho numa cirurgia de artroplastia de joelho na qual foi feita a reconstrução do ligamento cruzado. O cão deve guardar um certo repouso, não feito esse repouso o trabalho do cirurgião vai por água abaixo. Então, o fisioterapeuta é até um olho do ortopedista no acompanhamento diário ou em dias alternados", explica Cláudio.

Parece até engraçado pensar, mas a hidroterapia para animais existe sim e, segundo o professor Cláudio, a resposta é fantástica. "Eu diria para você que a melhor forma de tratamento para fisioterapia é com a água. E cães são excelentes nadadores. A gente chama de hidroterapia o tratamento de imersão parcial ou total. Geralmente a r
eabilitação é feita com o cão andando na água, por isso usamos esteiras subaquáticas", explica.

O professor lembra de dois casos interessantes. "Um rottweiler que não andava por conta de uma artrose importante. Estava a ponto de ser sacrificado e com o uso da fisioterapia ele respondeu com toda a plenitude. Hoje em dia tem uma atividade normal, claro que com alguma incapacidade pela artrose, mas ele é independente. Teve também um gato que caiu do terceiro andar, teve fraturas múltiplas em três membros, também estava naquele compasso de sacrifica ou não. Foi feito um excelente tratamento cirúrgico e também acompanhamos com fisioterapia, ele ficou plenamente recuperado", lembra o veterinário.

Do mesmo modo que os médicos estão cada vez mais especialistas para lidar com a fragilidade humana, os veterinários começam a seguir o mesmo ritmo. E mais do que isso, os donos sentem-se na obrigação de cuidar dos seus ´bichinhos´ com toda a atenção do mundo, retribuindo o afago e companheirismo dos seus animais de estimação.

Informações do site: http://universia.com.br

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